
Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.
Podia ser qualquer dia, mas que nada. Não havia lenhadores, nem polícia civil ou militar. Todos em batalha, nos arredores do palácio, sob olhares esbugalhados de quem devia estar prefeito, mas sonhava com a faixa verde-amarela.
Foi aí que bandidos e lobos tiraram proveito. Antes mesmo de ver vovozinha, a sombra da menina sumiu no pó. Sua fita verde imaginada caiu, e não foi encontrada nunca mais. Igualzinho para sempre, só que tudo ao contrário. Melhor nem contar.
História triste, que cala quem escuta. Nada de que nem e eu então. Só soluço e lágrima.
Baseado em Fita Verde no Cabelo, de Guimarães Rosa
Confira também: Polícia Civil x Militar e quem devia estar prefeito, mas sonha com a faixa verde-amarela
E mais: Tosca Fita
8 comentários:
Que capricho hein Renato. Nada como a maturidade.
Abraço
Sady
Renato,
A a menina da fita verde está em posse do lobo, trancafiada dentro da própria casa da vovó que está sitiada pela polícia.
Já fazem dois dias.
Bela paráfrase, Renato. Adorei a ironia dos "olhos embugalhados de quem devia estar prefeito, mas sonhava com a faixa verde-amarela". Cai na real, Chapéuzinho!
Adorei, muito bem-humorado! É a sua cara. Bjs.
Os lobos fantasiados de ovelha estão a solta. Cuidado menininhas
Estou absorvendo ainda... mas adorei. Será que precisamos entender e interpretar tudo tudo? Texto curto, gostoso, certeiro sem querer ser certo.
Parabéns!
Cris Rogerio
Como você consegue em tão poucas linhas falar de tanto e com tamanho bom humor e ironia refinada? Parabéns, Renato!
Muito inteligente... sensato e sensível, na medida certa. Mais um do gênero Jornalístico-poético, que você cria quando mistura cotidiano e texto literário.
Abraços, João F. A. Cunha
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