quarta-feira, 30 de abril de 2008

Reverso Musical

Por se tratar de um blog experimental, Reverso Inverso também terá uma seção voltada para música, com dicas e comentários. O critério é simples e bem arbitrário: o gosto do autor deste blog, é claro.

Dessa forma, compositores como Noel Rosa, Raul Seixas, Zé Geraldo, Renato Russo, Pixinguinha e Celso Viáfora devem ter preferência. Em momentos de heresia, canções com participação de Renato Torelli também ganharão vez. Ainda haverá destaque para trabalhos atuais, como “Infinito de Pé”, de André Abujamra. A letra dessa música é daquelas que a gente ouve, ri e torce para que não acabe nunca.




O Infinito de Pé
André Abujamra

O infinito de pé são dois biscoitos
O infinito de pé é o número oito
O infinito de pé dois planetas colados
O infinito deitado um óculos quebrado

O infinito de pé duas bolas de sorvete
Um casal de namorado na moto com capacete
Boneco de neve, dois vinhos na adega
Farol de milha de noite quase cega

O infinito deitado olhos de coruja
Dois seres humanos fazendo amor
O infinito de pé é um autorama
Duas pulgas malabaristas no meu cobertor

O infinito deitado cano duplo de espingarda
São os raios de sol nos olhos da namorada
Dois salva-vidas à devida no oceano
É a linda cauda da baleia afundando

Oitocentos anos infinito lado a lado
Só que um está de pé e o outro deitado
Buraquinhos do nariz, as asas da borboleta
Dois irmãos gêmeos no carrinho de mãos dadas com chupeta

O infinito tá de pé o infinito tá (4x)

O infinito deitado janelinha de avião
É o símbolo da paz passarinho a minha mão
É o laço do cadarço para o tênis amarrar
É o beijo na sua boca para o amor alimentar

Ouro sem u e sem r
O infinito é o bigode do francês Pierre
Oco sem c ovo sem v
O infinito é o amor que eu sinto por você

Dois mil e um sem o dois e sem o um
O infinito é uma dupla de sushi de atum
É o reflexo do sol no mar
É a sinuca do bilhar

O infinito de pé é um brinde na taça
Dois buracos na cueca devorados pela traça
Os pneus da bicicleta subindo a ladeira
São os seios da Brigite pra fora da banheira

Dois cocos, duas laranjas, bola de gude bola de meia
O infinito é Jesus Cristo repartindo o pão para os apóstolos na Santa Ceia
Nem todo infinito tem forma pra mim
Einstein Rodchenko Picasso e Tom Jobim
O infinito tá de pé o infinito tá (4x)

O infinito é infinito
O infinito é o amor
O infinito nunca acaba porque nunca começou (2x)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Priest in Riverman



“Nuvens negras circundam o povoado de Riverman. O demônio Armand está infiltrado na cidade e prepara a ressurreição do mestre, o anjo caído Temozarela. Para isso, Armand e seus Zumbis devem exterminar a população local, sacrificando inocentes sempre que anoitece.
O pobre Xerife Mitchum já não sabe mais como evitar tantos crimes. Ele também perdeu o controle sobre os discípulos da Senhora Fergusson, que, toda manhã, enforcam um suspeito na busca pelos verdadeiros culpados.
A chance de sobrevivência do povoado está na ira do ex-padre Ivan Isaacs. Mas ele precisa agir rápido, antes que a pior face do mal triunfe – e a população de Riverman seja dizimada.”


Priest in Riverman é um jogo de raciocínio baseado no manhwa PRIEST – quadrinho coreano de Hyung Min-Woo. A Lumus Editora promove a brincadeira nos eventos de que participa, e a rapaziada quebra a cabeça bolando estratégias de sobrevivência. Para quem curte jogos dinâmicos e inteligentes, é diversão garantida.



Mais fotos dos eventos e do jogo no link

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Noite atípica

Dona Lurdes xingou o motorista do caminhão de lixo.
Seu Otávio pensou que teria um infarto.
Jorge gritou gol do Corinthians.
Para Luquinha, era o bicho-papão.
Rubens elogiou a potência do home theater.
Mariana enalteceu o desempenho do Marcão.
Fernando jurou largar a bebida.
Alice desejou mais drogas.
Pedro culpou o vizinho de cima.
Carlos pisoteou o inquilino de baixo.
Tavares temeu por um acidente aéreo.
Para Moreira, só podia ser um disco voador.
Roberto ligou a TV.
Maria desligou a máquina de lavar.
Luiz correu para sacar dinheiro.
Cíntia desceu as escadas de camisola.
Leonardo temeu pela queda na bolsa.
Clara largou a bolsa e abraçou os filhos.
Junior bateu palminhas.
Aninha não parava de chorar.
Joca deu um bofetão na esposa mentirosa.
Leandro correu para pegar o telescópio.
Hector viu as letras pularem do livro.
Rita tirou a roupa e pôs-se a gritar.
Mãe Joana benzeu a casa.
Felipe virou-se para o outro lado e dormiu.

Passado o susto, a diretoria do São Paulo acusa os palmeirenses de mais uma armação. Já o povo jura que os culpados são o pai e a madrasta de Isabella. Para o presidente Lula, nem um terremoto pode abalar a economia brasileira.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Luzzzzz

Vejo tudo no passado.
O Sol já se pôs, e passo oito minutos me despedindo dele.
Percebo a Lua um segundo e meio depois. E o que está em volta dela com diferença de milhões de anos.
Por mais que brilhem frente a mim, seus olhos também são pretérito.
Perfeitos.
E a voz é mais-que-perfeita.
O presente está no toque, no beijo, no sexo.

domingo, 20 de abril de 2008

A lenda da moeda falsa

Deu no Jornal Nacional de sexta-feira passada: para checar a autenticidade das moedas de um real, a população de Palmas (TO) recorre a ímãs. Segundo a crença – que já se espalhou por diversas cidades brasileiras – moedas sensíveis ao magnetismo são verdadeiras, já as demais são falsas.

Não é à toa que o ímã tenha se tornado utensílio obrigatório de "bons" estabelecimentos comerciais. O freguês paga, e o vendedor logo saca seu objeto mágico. O veredicto é rápido e às vezes constrangedor:

– Sua moeda é falsa, não posso aceitá-la.
– Mas, senhor, acabei de recebê-la do banco!
– Então a senhora foi enganada. Sinto muito.

Como Casa da Moeda e Banco Central pouco se pronunciam a respeito, a lenda ganha força até mesmo entre os mais esclarecidos. A repórter do JN, Graziela Guardiola, tentou explicar a confusão: “A diferença está na data de fabricação e no material usado: uma é de cobre, a outra é de aço.”

Os dois tipos de moeda são de fato verdadeiros, mas a repórter foi imprecisa ao discriminar as matérias-primas. O primeiro tipo, cunhado nos anos de 1998 e 1999, é feito de cuproníquel (borda amarela) e alpaca (miolo). Já o segundo, fabricado a partir de 2002, é constituído por aço inoxidável no centro e aço revestido de bronze ao redor. Esse, sim, é o tipo sensível ao ímã. Ele também é mais leve, menos espesso e mais dourado. Se cair no chão, faz “ting”, e não “teng”, como a moeda do modelo anterior.

Portanto, leitor do Reverso Inverso, nada de fazer vexame quando receber moedas de um real não magnetizadas. Só isso não caracteriza a falsificação. A mesma regra vale para as moedas de 50 centavos. E também não vá sair recusando moedas com valor facial de dois, três ou quatro reais. Não, não estou louco, elas também existem. Mas essa história fica para a semana que vem.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Super... mercado

Após preguiçosa tarde na praia, resolvemos pegar um cinema. No caminho, os amigos garantiram que a loirinha estava interessada em mim. Ela cursava Administração e era dois anos mais velha. Não fazia o meu estilo, mas a boa educação estabelecia ao menos uma conversa.

As iniciativas eram todas dela, e seu negócio – vender galões de água – virou assunto único. Quando o papo já provocava náuseas, um rumo ainda menos excitante foi tomado:

– Sabia que vão construir um shopping novo na região? – perguntou empolgada.

Forjando interesse, interagi:

- Outro? E há mercado para mais um shopping?

- Há, sim. O “Extra”.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Que por...

Por quê?
Porque sim.
Porque sim?!
Por que não?
Porque não.
Por quê?
Porque não pode.
Que por...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Oitenta anos de Vida

Solange Palma Torelli, Renato e Vida Alves


Isso mesmo. Em 15 de abril de 2008, a atriz Vida Alves, protagonista do primeiro beijo na televisão brasileira, completou 80 anos de belas histórias. E uma delas, bem polêmica: a do tal beijo, é claro, dado no galã Walter Foster em 1951 durante as filmagens da primeira telenovela brasileira, Sua Vida me Pertence.

Mas a carreira de Vida Alves não se resume a um beijo (por mais “escandaloso” que tenha sido para a época). Ela escreveu dezenas de novelas e programas para rádio e TV, e atuou em outros tantos, sem contar sua participação no cinema nacional. Também fundou a Associação dos Pioneiros da Televisão Brasileira (APITE) – hoje chamada Pró-TV – e ergueu um museu no bairro do Sumaré, em São Paulo, para preservar a memória da televisão. Seu trabalho mais recente é o livro TV Tupi: Uma Linda História de Amor, lançado no último dia 14 de abril, na tradicional Casa das Rosas, em São Paulo.

Já a festa de aniversário foi um dia depois, no Finesse Buffet, na Pompéia, só para amigos. E, acreditem, também fui convidado, mas não pude comparecer pois tinha aula de pós-graduação para Formação de Escritores. Meus pais, que cultivam uma amizade gostosa com Vida, representaram bem a família.

Ficam aqui os votos de felicidade, saúde, trabalho, amor e muitos livros para essa pessoa querida, que já não freqüenta mais a telinha de casa, mas é presença marcante em minha vida.

Saiba mais sobre o museu da TV no www.museudatv.com.br

terça-feira, 15 de abril de 2008

O nome do blog


A pergunta é inevitável: por que Reverso Inverso?

Primeiramente, porque todas as idéias anteriores para nome foram recusadas – Valendo a Pena, Troca de Idéias, Causando etc. Cada nome pensado era cruelmente rejeitado pelo sistema do blog. Cansado, resolvi apelar para um antigo conceito de numismática (ciência que estuda moedas e medalhas).

Segundo a numismática, os dois lados de uma moeda são anverso (popular cara) e reverso (coroa). Se pegarmos uma moeda de real, por exemplo, e a virarmos verticalmente, tanto anverso quanto reverso estarão de cabeça para cima.

Essa é a regra, só que às vezes a Casa da Moeda cunha peças com defeito, em que o reverso surge debochadamente de cabeça para baixo. A esse defeito é dado o nome de “Reverso Invertido”. Ele é a alegria dos colecionadores. Ao contrário do mundo comum, em que diferenças sofrem discriminação, na numismática elas são valorizadas – até com certo exagero. No último leilão da Sociedade Numismática Brasileira, realizado em março, uma simples moeda de um real teve lance mínimo de cem reais. Nem as ações da Petrobrás têm tamanha valorização. O pior é que uma moedinha dessas já pode ter passado pela sua carteira e foi desperdiçada com cigarro, pão, leite ou chiclete.

Mas voltemos ao blog, que se chama Reverso Inverso – e não "Invertido". O sobrenome foi trocado por alguns motivos. Primeiro, porque deixaria muito numismata frustrado com o blog. Depois, porque já usei o Reverso Invertido como nome da minha antiga banda pop rock, sucesso internacional entre familiares e amigos muito amigos. E inverso, que é sinônimo de invertido, acrescenta outro “verso” ao nome, dando a ele um ar mais poético. As entrelinhas ficam a cargo da imaginação de cada um.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Começo de jornada

Agora vai.

Já não faço mais parte do MSB (Movimento sem Blog). O encontro com mentor e discípulos me estimulou a deixar o mundo comum.

A moeda rodopia no espaço, ainda sem órbita definida. O Reverso Inverso começa uma trajetória experimental, em busca de sua “cara”. Por isso, os assuntos aqui serão variados – cinema, música, umbigo, seriados de TV, fotografia, tatus-bola, quadrinhos, responsabilidade social, astronomia, jujubas, numismática, monstros, lingüística, kimchi, futebol, política, tricô etc.

O portão de entrada para o mundo especial é o curso de pós-graduação em Formação de Escritores da ESDC (Escola Superior de Direito Constitucional), coordenado pelos professores Márcia Olivieri e Gabriel Perissé. São 20 heróis na turma, cada um trilhando sua própria jornada. A minha começa agora.