Vamos, moribundo, não temos muito tempo. Levanta logo da cama. Tem lápis e papel no criado-mudo. Escreve exatamente o que eu disser. Isso, velho, segura firme. Vou ditar. Está pronto? Muito bem, anota aí.
... morrer! O que foi, velho imbecil? Parou de anotar por quê? Escreve logo, MORRER. Tem medo? Que diferença faz? Tá nas últimas mesmo... Já sei, preocupado com os netos, que nunca vão crescer. Que idiota, veja o lado positivo; pode reencontrá-los mais cedo do que imaginava. Aliás, sua mãe, aquela vagabunda, já tá te esperando... Velho improdutivo e acomodado, acha mesmo que sua vida valeu a pena? Vai, faz algo útil, escreve: MORRER.
... velho cretino! Apague essa droga... Vê agora se faz direito. Continue.
... uma...... o quê? Idiota, ainda não, acorda! Vamos, acorda! Droga, desencarnou. Vou precisar de outro imbecil. Ei, velho, tá indo pro lado errado. Volta aqui, cretino. Teu lugar agora é comigo.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Que viagem, Renato....adorei a ousadia envenenada!
Renato,
queria eu pegar carona nessa sua onda de realismo fantástico, pra enganar meus leitores entre seus conceitos e preconceitos....
Abraços, João F. A. Cunha
Oi Renato,
Sou da turma 2 do curso de escritores. Gostei mto desse teu texto. Não conhecia seu blog. Muito bacana.
Ana
Postar um comentário