domingo, 20 de abril de 2008

A lenda da moeda falsa

Deu no Jornal Nacional de sexta-feira passada: para checar a autenticidade das moedas de um real, a população de Palmas (TO) recorre a ímãs. Segundo a crença – que já se espalhou por diversas cidades brasileiras – moedas sensíveis ao magnetismo são verdadeiras, já as demais são falsas.

Não é à toa que o ímã tenha se tornado utensílio obrigatório de "bons" estabelecimentos comerciais. O freguês paga, e o vendedor logo saca seu objeto mágico. O veredicto é rápido e às vezes constrangedor:

– Sua moeda é falsa, não posso aceitá-la.
– Mas, senhor, acabei de recebê-la do banco!
– Então a senhora foi enganada. Sinto muito.

Como Casa da Moeda e Banco Central pouco se pronunciam a respeito, a lenda ganha força até mesmo entre os mais esclarecidos. A repórter do JN, Graziela Guardiola, tentou explicar a confusão: “A diferença está na data de fabricação e no material usado: uma é de cobre, a outra é de aço.”

Os dois tipos de moeda são de fato verdadeiros, mas a repórter foi imprecisa ao discriminar as matérias-primas. O primeiro tipo, cunhado nos anos de 1998 e 1999, é feito de cuproníquel (borda amarela) e alpaca (miolo). Já o segundo, fabricado a partir de 2002, é constituído por aço inoxidável no centro e aço revestido de bronze ao redor. Esse, sim, é o tipo sensível ao ímã. Ele também é mais leve, menos espesso e mais dourado. Se cair no chão, faz “ting”, e não “teng”, como a moeda do modelo anterior.

Portanto, leitor do Reverso Inverso, nada de fazer vexame quando receber moedas de um real não magnetizadas. Só isso não caracteriza a falsificação. A mesma regra vale para as moedas de 50 centavos. E também não vá sair recusando moedas com valor facial de dois, três ou quatro reais. Não, não estou louco, elas também existem. Mas essa história fica para a semana que vem.

2 comentários:

Anônimo disse...

Re-corrigindo...
Uma dúvida... O radical "cupro" não se refere a cobre?
Pois é amigo... O Cuproníquel. É uma liga metálica composta de 70% de Cobre.
Nesse caso creio que não estaria errado afirmar-se que a moeda é feita de Cobre.
Principalmente se a informação está sendo vinculada aos leigos.

Retrix disse...

Re-re-corrigindo
Caro colega anônimo.
Obrigado pelo comentário.
Mesmo para leigos, a explicação da repórter foi “imprecisa” (não falei errada). Ela poderia simplesmente ter dito assim: “uma é composta principalmente por cobre, a outra, por aço.” Já resolvia.
Vale lembrar que o ar tem 78% de nitrogênio. A melancia, 95% de água. O corpo humano também tem um percentual elevado de água (70%). E por aí vai. Nem por isso reduzimos ar, melancia e corpo humano a nitrogênio e água.